A reforma tributária está mudando a lógica do tributo sobre o consumo no Brasil e tem colocado a cadeia de suprimentos no centro da governança fiscal.
A Lei Complementar que instituiu o IBS e a CBS (LC 214/2025) estabelece um novo modelo de apuração, exigindo rastreabilidade e consistência entre emissor e adquirente, o que torna qualquer falha do fornecedor um potencial problema para quem compra.
Em outras palavras: créditos nascem fora da sua empresa e a saúde fiscal da operação depende da regularidade de todo o ecossistema de fornecedores.
Além do marco legal, estudos globais mostram que empresas e autoridades esperam intensificação de fiscalizações e valorizam frameworks de governança fiscal mais sólidos.
Uma pesquisa da EY com mais de 2.000 executivos fiscais mostra que 84% afirmam que implementar ou aprimorar um framework global de gestão de riscos fiscais acrescentaria um valor significativo à reputação da organização.
Esse contexto reforça a necessidade de transformar o monitoramento tributário em prática contínua a fim de que ele deixe de ser um checklist pontual.
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Os riscos que a sua empresa corre quando a cadeia não é monitorada
Ignorar a regularidade dos fornecedores não é um problema que escorre na contabilidade, trata-se de um risco operacional que atinge o caixa, a produção e a imagem da marca no mercado.
Estudos sobre fraudes e falhas de compliance mostram que essa vulnerabilidade é comum e penosa: relatórios internacionais indicam taxas elevadas de ocorrências de fraudes e incidentes que afetam operações e finanças.
A KPMG, por exemplo, documentou um cenário em que uma fatia significativa das empresas reportou perdas por fraudes e falhas de compliance; relatórios da ACFE também mostram que fraudes ocupacionais geram perdas médias expressivas para organizações.
No contexto tributário, os impactos mais frequentes observados em campo são:
- Glosas de créditos: especialmente de ICMS, PIS/COFINS e, futuramente, de créditos relativos ao novo IBS/CBS);
- Autuações e possivelmente corresponsabilidade tributária;
- Bloqueios temporários de bens ou de processos de importação;
- Necessidade de retrabalho jurídico-contábil que consome tempo e caixa.
- Perda de previsibilidade para pricing e planejamento industrial, um problema crítico em setores de baixa margem.
Leia também: Glosa de Crédito de ICMS: 5 fatores de risco e como implementar uma blindagem fiscal eficaz
Como transformar governança tributária em proteção da cadeia
Mapeie o universo de risco da cadeia
Classifique fornecedores por criticidade fiscal: insumos-chave, serviços com faturamento elevado, operações em regimes especiais e elos já sinalizados por auditoria. Priorize o monitoramento onde a exposição ao crédito é maior.
Implemente due diligence fiscal antes da homologação
Exija certidões, validação de CNPJ, comprovação de recolhimentos e histórico de autuações. Use checklists padronizados alinhados à LGPD e à política de TPRM para evitar vieses e garantir auditabilidade.
Monitore continuamente, não anualmente
Automatize verificação de certidões, checagem de notas fiscais, cruzamento de recolhimentos eletrônicos e alertas sobre irregularidades. Monitoramento contínuo reduz o tempo entre a ocorrência da irregularidade e a ação corretiva, minimizando impacto nos créditos.
Integre tributário ao TPRM e ao GRC
Falhas fiscais de terceiros são riscos de GRC (Governança, Risco e Compliance). Vincule os alertas tributários à matriz de risco global, escale para compliance e jurídica e documente decisões e medidas mitigadoras.
Métrica e reporte
Monitore KPIs como percentagem de fornecedores com certidões válidas, número de notas sujeitas a glosa detectadas antes do aproveitamento do crédito, tempo médio de resolução de alertas fiscais e valor estimado de créditos potencialmente em risco. Esses indicadores devem alimentar um dashboard periódico para a diretoria e o comitê de auditoria.
Auditoria e histórico
Mantenha histórico completo de processos e auditorias de fornecedores. Registros antigos frequentemente provêm evidência decisiva em defesas fiscais e em processos de recuperação de créditos.
Leia também: Homologação de fornecedores: por que essa etapa é estratégica para proteger sua reputação
O que dizem as grandes consultorias e por que isso importa
Pesquisas globais não só validam a urgência do tema como trazem recomendações práticas como investir no fortalecimento de frameworks fiscais, aumentar a transparência e empregar tecnologia para governar riscos.
A EY, por exemplo, aponta a necessidade de estruturas globais de tax governance como diferencial na gestão de auditorias e controvérsias.
A PwC, por sua vez, analisou mais de 850 empresas e identificou lacunas expressivas em transparência tributária e reporting, um indicativo de que muitas empresas ainda não materializaram práticas robustas de controle.
Dados da KPG reforçam um ponto prático: a exposição a fraudes e a falhas internas/externas é alta e o custo significativo é real, porém programas eficazes de monitoramento e controles podem ser úteis para reduzir perdas e acelerar a detecção.
Métricas que realmente importam (e como usá-las)
Para o compliance tributário com foco em cadeia, foque em métricas acionáveis:
- Percentual de fornecedores com certidões atualizadas;
- Valor potencial de créditos em risco (estimativa mensal).
- Percentual de notas fiscais com inconsistências detectadas antes do aproveitamento do crédito.
- Tempo médio de remediação de alertas fiscais (meta: reduzir para 30 dias em casos críticos).
- Incidentes evitados: casos em que o monitoramento evitou glosa ou autuação (registrar casos e valor evitado).
Esses indicadores servem para priorizar ações e demonstrar ROI ao board.
Leia também: O papel da inscrição estadual na conformidade tributária das empresas
Por que automação e IA se tornaram o novo alicerce da governança tributária moderna
A transformação exigida pela reforma tributária e pelo ambiente de risco contemporâneo só é viável com automação de dados e modelos de inteligência artificial. Ferramentas que fazem leitura automática de notas fiscais, cruzamento em massa de recolhimentos, enriquecimento cadastral e scoring de risco por fornecedor tornam o monitoramento escalável e acionável.
Esses sistemas geram alertas, priorizam investigações e criam trilhas de auditoria que sustentam defesas tributárias. Além disso, IA aplicada ao histórico de processos permite identificar perfis de risco e fornecedores com padrão de emissão que antecede autuações, o que possibilita ações preventivas.
Plataformas especializadas atuam como hubs que unificam dados fiscais, cadastros e indicadores.
Em resumo: a governança tributária da próxima década não cabe mais apenas na área fiscal; ela é uma função que começa na gestão de fornecedores, passa por tecnologia e termina em controle executivo.
Empresas que adotarem um programa contínuo de monitoramento da cadeia, apoiado por automação e IA, vão proteger seus créditos, reduzir contingências e manter previsibilidade operacional, vantagens competitivas claras num mercado cada vez mais fiscalizado e digitalizado.
Como a Netrin fortalece a governança tributária por meio da integração de dados
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