Para gestores de compliance que atuam no cerne da governança, riscos e conformidade (GRC), a regularidade fiscal não é apenas um requisito legal ou tributário, ela é parte integrante da credibilidade da empresa, da confiabilidade perante parceiros e investidores, e da capacidade de conquistar novos negócios.
Quando essa regularidade falta, os efeitos reverberam em várias frentes: reputação corporativa, habilitação para licitações ou contratos, risco de imagem, custo de capital e até continuidade operacional.
Por que a regularidade fiscal é um pilar estratégico da reputação corporativa
Em primeiro lugar, é preciso compreender o que entendemos por “regularidade fiscal”. Trata-se de manter em dia as obrigações tributárias principais, obrigações acessórias, além de possuir controles internos robustos que assegurem que tais obrigações são cumpridas com qualidade, consistência e agilidade.
Esse conjunto se conecta diretamente à ideia de compliance fiscal e, por consequência, à reputação e à performance da empresa.
Um artigo da revista Research, Society and Development destaca que o compliance tributário é instrumento de gestão, que visa a adequação normativa de uma empresa para reduzir riscos e garantir maior controle sobre os tributos.
Outra publicação mostra que empresas com maior habilidade gerencial tendem a alcançar níveis mais elevados de conformidade contábil-fiscal.
Quando a empresa não está regularizada, ou quando esse tema é negligenciado, três efeitos principais costumam ocorrer:
- A confiança externa se fragiliza: investidores e parceiros podem enxergar uma empresa com pendências fiscais como de maior risco, o que prejudica a atratividade para contratos, joint-ventures ou financiamento.
- O acesso a contratações estratégicas é barrado ou onerado: muitos processos de licitação ou seleção de fornecedores exigem certidões negativas, CPFs/CNPJs regulares, histórico fiscal comprovado.
- A reputação corporativa sofre impacto concreto: a reputação forte está associada a menor custo de capital e melhor desempenho, mas esse efeito é reduzido ou eliminado quando a empresa está envolvida em práticas fiscais agressivas ou não conformes.
É por isso que para um gestor de compliance, a regularidade fiscal se apresenta como uma alavanca de reputação, e a ausência dela é um risco de governança que pode comprometer estratégia, crescimento e credibilidade.
A condição da terceirização: sendo parceiro, você herda riscos
Quando sua empresa contrata um fornecedor ou se integra a uma cadeia maior, ela está firmando uma aliança: se o parceiro falhar em manter sua saúde tributária, você pode acabar sendo penalizado indiretamente, seja por bloqueios, desqualificações, questionamentos regulatórios ou reputacionais.
Em licitações públicas, por exemplo, é comum que se exija a apresentação de certidões negativas de débitos (CND) ou prova de regularidade fiscal não só do licitante principal, mas de toda a cadeia de execução. Se o fornecedor “A” está com pendências, a habilitação de “B” ou “C” pode falhar e impedir o contrato antes mesmo que a entrega comece.
A avaliação de risco de terceiros como critério estratégico
Um levantamento da Deloitte no Brasil destaca que em uma cadeia de negócios integrada e complexa, as empresas tendem a considerar cada vez mais os riscos relacionados a terceiros. Ou seja: para quem gerencia compliance, o risco de terceiros já ocupa lugar de destaque, e a regularidade fiscal faz parte desse risco.
O relatório da PwC indica que 30% das empresas brasileiras apontam que a disrupção nas cadeias de suprimento é o principal fator que entendem como risco. Ou seja, se o fornecedor, prestador ou parceiro-chave tem fragilidade fiscal, a cadeia inteira pode sofrer.
Reputação, credibilidade e o efeito espelho dos terceiros
A situação fiscal de um parceiro não é tema isolado. Quando o mercado ou o cliente avalia sua empresa, ele avalia a rede de parceiros. Fornecedor com pendência pode gerar notícia negativa, questionamento regulatório ou bloqueios operacionais e, como reflexo, o contratante assume parte desse desgaste.
Isso impacta habilitações, renegociações e até custo de oportunidade.
A Deloitte reportou que, entre as empresas entrevistadas, 52% afirmaram que a área de compliance contribuiu para melhora do resultado financeiro da companhia, o que mostra o quanto a conformidade está inserida no valor de negócio.
Em outras palavras: fornecedor ruim, rede frágil, risco maior e isso se traduz em menos confiança, mais exigências de garantias ou até preços mais altos. Para sua empresa, isso significa contratos perdidos, renegociações mais duras, ruptura de cadeia.
Exemplos práticos de bloqueios e perda de oportunidades
Imagine que você concorre a uma licitação pública ou a um contrato com uma grande empresa. Nos editais ou nas negociações contratuais são solicitados comprovantes de regularidade fiscal de todos os elos críticos da cadeia. Se o fornecedor que vai fornecer insumos ou serviços especializados está com débito, ou falha em entregar uma certidão no prazo, o risco é:
- Desqualificação automática ou exigência de substituição de fornecedor;
- Necessidade de oferecer garantias ou seguros adicionais, o que encarece ou torna menos competitivo seu orçamento;
- Atraso na contratação ou no início de execução, o que pode desqualificar você frente a concorrentes mais rápidos e certos;
- Risco de vinculação ao fornecedor com falha, gerando responsabilidade contratual, escopo renegociado ou até rescisão.
Por que avaliar a regularidade fiscal de terceiros deveria ser prioridade
Quando uma função de compliance monitora apenas a própria empresa, deixa de fora uma fonte expressiva de risco. Mas quando se avalia a cadeia como um todo então a conformidade fiscal desses elos torna-se um critério de habilitação e de estratégia.
A pesquisa da Deloitte sobre risco de conduta no Brasil mostra que 73% das empresas identificaram que avaliação de risco na cadeia de fornecedores é responsabilidade da área de compliance. Ou seja: a expectativa é clara, mas muitas vezes a execução ainda depende de processos manuais, falta de integração ou ausência de monitoramento contínuo.
Como estruturar o monitoramento fiscal de terceiros sem burocracia
Para gestores de compliance que querem transformar essa avaliação em diferencial e não em dor de cabeça, algumas práticas merecem destaque:
- Classificar fornecedores e parceiros por criticidade: identificar aqueles cuja falha fiscal implicaria bloqueio de contrato ou impacto material na operação.
- Incorporar cláusulas de regularidade fiscal nos contratos de terceiro: exigência de entrega de certidões negativas, obrigação de manter regularidade durante a vigência, comunicação imediata de autuações ou pendências.
- Automatizar e integrar dados: usar tecnologia para consulta automática de certidões, alertas de vencimento, cruzamento de dados cadastrais e histórico fiscal do terceiro. Isso reduz erro humano e antecipação de risco. Conforme a PwC, as organizações que investem em tecnologia para riscos de terceiros têm maior maturidade e agilidade.
- Monitoramento contínuo, não apenas na entrada: homologar fornecedor com documentação ok não basta. Precisa ter rotina de reciclagem, atualização de status fiscal, reavaliação da criticidade e decisão de continuidade ou substituição.
- Governança clara e visibilidade para a alta gestão: o compliance de terceiros deve acontecer com reporte ao comitê de auditoria ou à governança corporativa, com indicadores de risco fiscal de terceiros, exposição ativa e plano de mitigação atualizado.
Transformando risco em vantagem competitiva
Quando sua empresa demonstra que não só faz avaliação de risco interno, mas que monitora toda a cadeia, inclusive a regularidade fiscal dos parceiros, isso se torna diferencial competitivo.
Clientes e investidores reconhecem que você está minimizando risco de rupturas, de responsabilidade indireta e de reputação. Essa postura fortalece confiança, habilita participação em contratos maiores, permite melhores condições de negociação e acesso a cadeias com padrão mais elevado de controles.
Se você está à frente da função de compliance, a pergunta que vale fazer é: qual o risco fiscal dos seus principais fornecedores hoje? E qual o custo se esse risco virar realidade?
Avaliar a regularidade fiscal de terceiros não é apenas cumprir um check-list, é componente estratégico da governança e da reputação. Com apoio tecnológico como automação, dashboards, integração de dados e processos bem desenhados, é possível transformar essa fragilidade em vantagem.
Como a Netrin integra regularidade fiscal, TPRM e compliance de terceiros para reduzir riscos na cadeia
Para dar robustez a esse monitoramento e integrar a regularidade fiscal à gestão de risco de terceiros de forma contínua, a tecnologia passa a assumir um papel central.
A Netrin atua exatamente nesse ponto: como regtech especializada em TPRM, saneamento e enriquecimento de dados e background check de pessoas e empresas, conecta mais de mil fontes públicas e privadas via API para verificar, em tempo real, a situação cadastral, fiscal, jurídica e reputacional de parceiros.
Com soluções de automação de onboarding, monitoramento de parceiros e dossiês completos de risco, a Netrin permite que a área de compliance saia do modelo reativo e passe a enxergar, com antecedência, quais terceiros podem comprometer contratos, reputação e governança, transformando a regularidade fiscal da cadeia em um diferencial.
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