No dia a dia de uma indústria, a atenção está voltada para a produção, a logística e as vendas. Mas existe um universo de riscos que não está no seu chão de fábrica nem no seu balanço contábil, e sim espalhado por toda a sua rede de parceiros: seus fornecedores, transportadoras, prestadores de serviço e distribuidores.
Muitos gestores assumem que, ao contratar um terceiro, a responsabilidade sobre a operação dele é… dele. Isso é um erro perigoso e que pode custar muito caro.
É aqui que entra um conceito fundamental para a governança corporativa moderna: a Gestão de Riscos de Terceiros (ou TPRM – Third-Party Risk Management). Mas o que isso significa na prática? E por que, especificamente na indústria, ignorar esse processo não é mais uma opção?
Este artigo vai introduzir o conceito de forma clara e mostrar, com exemplos práticos, por que essa gestão é vital para a saúde e a resiliência do seu negócio.
O que é, afinal, a Gestão de Riscos de Terceiros?
Gestão de Riscos de Terceiros é o processo contínuo de identificar, analisar, mitigar e monitorar os riscos que seus parceiros de negócios podem trazer para a sua empresa.
Pense nisso como um programa de compliance que se estende para além das suas paredes. Ele busca responder a perguntas como:
“O fornecedor da minha matéria-prima principal tem saúde financeira para não quebrar e parar minha produção?”
“A transportadora que leva meu produto acabado cumpre todas as leis trabalhistas e ambientais?”
“O meu novo parceiro de tecnologia tem políticas de segurança de dados para não expor minhas informações?”
“O CNPJ do fornecedor que me enviou uma nota fiscal é válido e sua Inscrição Estadual está ativa?”
Em resumo, é a disciplina que garante que os problemas dos seus parceiros não se tornem os seus problemas.
Os 4 tipos de risco que vêm dos seus terceiros
Os riscos podem ser agrupados em quatro grandes categorias, todas interligadas:
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Risco Fiscal e de Compliance
É o risco mais imediato no Brasil. Um fornecedor com a Inscrição Estadual suspensa emite uma nota fiscal para sua empresa.
Consequência: Sua empresa perde o direito ao crédito de ICMS (glosa fiscal) e, em casos de fraude, pode ser multada como corresponsável.
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Risco Operacional
Sua produção depende de um componente importado, e o despachante aduaneiro contratado perde o prazo para a liberação da carga.
Consequência: Sua linha de produção para. Você atrasa a entrega para seus clientes, paga multas contratuais e perde receita. A falha de um terceiro paralisou sua operação.
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Risco Financeiro
Você fecha um contrato de longo prazo com um fornecedor que, secretamente, está à beira da falência.
Consequência: No meio de um projeto crítico, ele encerra as atividades. Você precisa, às pressas, encontrar um novo fornecedor, que provavelmente será mais caro e demandará um novo e longo processo de homologação.
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Risco Reputacional e ESG
Um grande portal de notícias revela que um dos seus principais fornecedores utiliza trabalho análogo à escravidão ou está envolvido em um desastre ambiental.
Consequência: O nome da sua empresa é associado ao escândalo. Clientes, investidores e a sociedade passam a questionar seus valores. O dano à sua marca pode levar anos para ser reparado.
Por que a Indústria é especialmente vulnerável?
Se toda empresa está exposta, a indústria está na linha de frente desses riscos devido à sua:
Cadeia de Suprimentos Complexa: Centenas de fornecedores de matérias-primas, componentes, embalagens e serviços.
Dependência Crítica: A falta de um único item pode parar toda a produção.
Regulação Intensa: A indústria está sujeita a uma enorme quantidade de normas fiscais, ambientais, sanitárias e de segurança.
Impacto Físico: Diferente de uma empresa de software, os riscos na indústria se materializam fisicamente: uma carga apreendida, uma fábrica parada, um produto contaminado.
A visão de grandes empresas: Gestão de Risco como pilar de crescimento
Ignorar a gestão de riscos de terceiros é como dirigir um carro sem seguro e sem freios: pode funcionar por um tempo, mas um acidente é inevitável.
Empresas líderes, como os clientes que confiam na plataforma Netrin, já entenderam que gerenciar ativamente esses riscos não é um custo, mas um investimento. É o que garante uma operação mais resiliente, protege o caixa contra surpresas desagradáveis e fortalece a reputação da marca em um mercado cada vez mais exigente.
Começar é mais simples do que parece: o primeiro passo é reconhecer que o risco existe e que ele precisa ser gerenciado.